- Livros de ficção
- Livros de não ficção
- Why We Sleep (Porque Nós Dormimos)
- Rage (Raiva)
- The Story of the Human Body (A história do corpo humano)
- Born to Run (Nascido para correr)
- Quiet (O Poder dos Quietos)
- How to do Nothing – resisting the attention economy (ainda sem título em português)
- What I talk about when I talk about Running (Do que eu falo quando falo de corrida)
- The Better Angels of Our Nature, (Os anjos bons da nossa natureza)
- Hitler: Downfall: 1939-1945 (ainda sem título em português)
- Endure (ainda sem título em português)
- How Bad Do You Want It? (ainda sem título em português)
Semanalmente na minha newsletter eu dou dicas de livros (além de filmes, séries, podcasts e mais dicas culturais). Eu irei reunir nessa página as dicas de livros que já foram indicados e uma resenha curta.
Alguns títulos não foram ainda traduzidos para o português, mas mantenho a minha recomendação: pode ser que venham a traduzir, ou para o caso de você ler no original. Sempree que possível, coloco o link para a versão em português.
Em alguns outros casos eu coloco a versão em audio book no Audible.
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Livros de ficção
A Study in Scarlet (Um estudo em Vermelho)
Autor: Sir Arthur Conan Doyle, na versão narrada (em inglês) por Stephen Fry.
Li esse clássico aos 8 anos de idade, e foi uma experiência formadora. O poder do pensamento analítico e racional me impressionaram, e Sherlock Holmes virou meu herói de infância (pedi uma fantasia dele para meu pai, que montou comprando itens separados, incluindo um cachimbo e uma lupa. Sim, um cachimbo). Anos depois, já adulto, minha mãe me contou que foi chamada na diretoria da escola por causa da minha adamiração por Holmes e Watson. A leitura recomendada na classe era Marcelo, Marmelo, Martelo e eu estava lendo um livro onde há assassinato, “vingança” escrito em sangue na parede, um detetive que usa cocaína. E isso que eles nem sabiam que eu tinha ganho um cachimbo de verdade (se bem que era os anos 80, talvez Isso eles não ligassem). Minha mãe nem se dignou a me contar da reunião e continuou me deixando ler o que eu quisesse. Por alguma coincidência cósmica, eu acabei não me viciando em cocaína (nem nunca usei), nem fumante. Por outro lado também não virei detetive. Droga!
Enfim, a Audible oferece mais de 70 horas das obras completas de Sherlock Holmes narradas pelo ator/autor britânico Stephen Fry, e é maravilhoso. Se você tem Audible, um dos melhores investimentos de um crédito.
Se quiser pegar o livro no Audible, você tem direito a um livro de graça, e o link é ESSE.
Se não quer ter, ou não fala inglês, mas tem filhos e está preocupada/o com o que deixar ou não seus filhos lerem, fica o exemplo da filosofia da minha mãe: “pega o que quiser para ler. Se não for adequado, você vai largar sozinho”. Me conhecendo, deixo você julgar os resultados por si…
Artemis
Autor: Andy Weir

Esse eu li no Kindle. O segundo romance do autor de O Marciano, é um hard sci-fi: ficção científica baseada em ciência pura, onde tudo parece bem plausível e baseado na realidade (nada de viagem no tempo, teletranporte e outras tecnologias indistinguíveis de mágica). É narrado em primeira pessoa por uma protagonista mulher, e estou extremamente curioso para que uma mulher me diga se parece plausível. Porque para mim, sendo homem, pareceu muito, e eu já vi alguns casos constrangedores de homens escrevendo protagonistas femininos e nem sequer era primeira pessoa. De toda forma, gostaria de um feedback do ponto de vista feminino sobre isso.
Enfim, a história é sobre uma cidade na Lua nos anos 80 (anos 2080), e uma disputa comercial. Tem bastante detalhe técnico (se você leu O Marciano, conhece o estilo) e tiradas sarcásticas (de novo, como no O Marciano). Sarcasmo, ciência e espaço. Meu tipo de livro. Recomendo.
Attack Surface (ainda sem título em português)
Autor: Cory Doctorow

Eu li praticamente todos os livros do Cory Doctorow… a ficção científica dele não é num futuro distante, ela parecer ser o nosso futuro plausível, até provável, e, se não fizermos nada, inevitável. Em 2008 ele lançou Little Brother, sobre a emergente sociedade de supervisão em massa, confirmada por Snowden em 2013. A continuação, Homeland, saiu no mesmo ano. E agora, o terceiro livro na série, Attack Surface acabou de sair, e eu estou enfurnado nele, pensando que estamos todos, querendo ou não.
Mesmo a série falando sobre assuntos atuais, com tecnologia, eles parecem não ter envelhecido. Recomendo você ler os três, mas nem precisa: se você curte tecnologia, e como ela pode ser usada contra – ou por – você para lutar por um futuro onde esse tipo de livro não seja queimado em praça pública em nome do PENSAMENTO ÚNICO… yeah, eu recomendo. Tem boas doses de espionagem versão atual, não a versão da Guerra Fria que a gente se acostumou nos filmes do James Bond.
The Neil Gaiman Reader (ainda sem título em português)
Autor: Neil Gaiman

Eu peguei esse no Audible por dois motivos. Primeiro, eu meio que já tenho todas as histórias em livro de papel, já que essa é uma coletânea e eu sou fã incorrigível e desavergonhado do Gaiman, a ponto de gastar um crédito do Audible em uma coletânea de histórias que já conheço. E o segundo motivo é que o livro é narrado pelo próprio Gaiman, que tem uma voz excelente, e é muito legal ter ele lendo as histórias dele para você (eu vi ele fazendo isso duas vezes ao vivo, uma em Londres e uma aqui na Holanda).
As histórias são ficção, mas o gênero varia. Tem terror (bastante), realismo fantástico, humor negro, ficção científica. Não me arrependo de ouvir de ovo as histórias. Eu noto coisas que tinham passado batido da primeira vez (e várias fundiram minha cuca tudo de novo, com novas camadas), e é legal ver certos padrões emergindo – por exemplo, o uso de frame stories. Histórias dentro de histórias, como nas 1001 noites.
Ah, as histórias foram escolhidas pelos leitores no ano passado, chamados pela newsletter/mídia social do Gaiman. E yeah, eu votei, e sim, varias das minhas histórias foram escolhidas. Heh.
Enfim se você não conhece o trabalho dele, The Neil Gaiman Reader é uma boa introdução. Se já conhece, vale mesmo assim, para completar a coleção e descobrir novas camadas. E se você fala inglês, pega a versão do Audible aqui.
Se não fala inglês, guenta que logo mais deve sair a tradução da versão impressa. Tipo, é o Neil Gaiman (best seller vende né?). Certeza que vai sair.
(Fundir a cuca já era antigo quando eu era adolescente no século passado, mas acho super bacana usar gírias de outrora, manja? Maior barato.)
To Kill a mockingbird (O sol é para todos)
Autora: Harper Lee

Um livro clássico, de 1960, que periga a grande maioria já ter lido (fiquei até em dúvida em recomendar). Foi adaptado para um filme P&B, também clássico, Oscar de melhor ator para Gregory Peck. Mas se por algum motivo esse livro te escapou até agora (eu mesmo só fui ler em 2016), recomendo altamente. Além de lindamente escrito, trata de temas totalmente atuais, como racismo e justiça, e papéis de gênero (o livro é narrado por uma menina que não usa vestido – e note que o livro é de uma autora). Apesar dos temas complexos, a história é tratada com sensibilidade e profundidade, sem martelar posições, mas pintando um retrado que leva ao questionamento e reflexão.
E isso, não sei se já disse, em mil novecentos e freaking sessenta!
Se já leu, assista também ao filme. Aliás, independente: se não viu ainda, assista ao filme também.
Good Omens (Belas maldições)
Autores: Neil Gaiman e Terry Pratchett

Eu li esse livro há mais de dez anos atrás – talvez uns quinze, e lembro de ter me divertido muito. O tema é sério – o fim do mundo e religião – mas é uma comédia. Ou sátira. Um pouco dark, um pouco leve, totalmente esperto e aguçado.
Um anjo e um demônio supervisionam a terra desde o ínicio dos tempos (que foi em 4004 AC, no Jardim do Éden), desenvolvendo uma amizade ao longo dos milênios. Agora, é chegada a hora do Armaggedon, a batalha do fim do mundo entre Céu e Inferno. Só tem um problema: os dois lados perderam o anti-Cristo…
Ah, não faça essa cara – é engraçado, se você ler. Bom, eu achei… e não fui só eu. Além do livro ter virado um best seller, virou também uma série da Amazon Prime. Eu estou aproveitando essa semana de castigo e assitindo. Ainda não vi todos os episódios (são 6, com cerca de uma hora cada um), mas os que vi gostei e me dvertiram.
Hey, achei que tinha a ver com 2020: a situação é seria, vamos ao menos tirar sarro dela. Eu sou a favor do humor espartano: As flechas do inimigo cobrem o sol? Ótimo. Lutamos na sombra.
Escolha o livro, ou a série, ou os dois.
Livros de não ficção
Why We Sleep (Porque Nós Dormimos)
Autor: Matthew Walker.

Esse livro melhorou inacreditavelmente a minha vida. Eu achava que dormir era uma hora não produtiva do dia, algo que eu poderia escolher conscientemente escolher encurtar com força de vontade apenas. Grave erro.
Pensar que nós estamos aumentando nossa produtividade e horas úteis de estudo, trabalho e lazer encurtando o sono é não entender como a natureza funciona. Não funcionamos em uma linha reta ascendente constante. A natureza é feita em ciclos alternados de produção/regeneração. Encurtar ou eliminar a regeneração é encurtar a vida, tornado-a gradualmente pior até acabar desnecessariamente cedo.
Nós precisamos do estágio regenerativo do sono. Eu achava que dormir sete horas me bastava. E aí programava sete horas deitado na cama (o que resultava em pouco mais de seis horas e meia de sono). E não entendia que com isso estava pondo meu corpo em estado coonstante de emergência. E isso tem consequências.
Enfim, depois de ler o livro do Dr. Walker, passei a programar mais de 8h30 deitado, para ter 8 horas de sono (que meu corpo rapidamente aceitou e aproveitou). O livro dá dicas de como conseguir isso, e ainda enfatiza a importância do sono em crianças e adolescentes, que precisam, note, precisam de bem mais horas do que os adultos. Os saguis tem quase 12 horas de cama, para ter mais de 11 horas de sono.
Sem sono não tem corrida, não tem saúde equilibrada, não tem perda de peso, não tem performance… sério, leitura altamente recomendada.
Rage (Raiva)
Autor: Bob Woodward
![Raiva por [Bob Woodward, Bernardo Ajzenberg, José Geraldo Couto, Pedro Maia, Rosiane Correia de Freitas]](https://m.media-amazon.com/images/I/51HluXoIo1L.jpg)
Yes, um livro sobre Donald Trump. É o terceiro que leio (bem, nesse caso, ouço) sobre ele esse ano. Se não sou admirador da figura (nem um pouco)… Por que ler livros, ainda mais três, sobre Trump?
Em uma palavra: conhecimento. Mais uma? Entendimento. Não é preciso gostar, mas é preciso entender, e tem muita coisa que não cabe em 280 caracteres de um tuite.
O presidente dos Estados Unidos tem muita influência sobre o mundo onde estamos, e para gostar ou não, é preciso antes entender. Ok, ao livro agora.
O jornalista Bob Woodward, famoso repórter do Washington Post que investigou o escândalo de Watergate nos anos 70, e desde então cobriu diversos presidentes americanos (republicanos e democratas), entrevistou extensivamente o atual presidente americano, e dá uma visão sobre o processo da presidência ao lidar com diversas crises: a quase guerra com a Coreia do Norte (esqueceu dessa já? 2020 tem esse poder), o conflito sobre comércio com a China, e, claro, COVID-19 e as tensões raciais nos EUA que explodiram depois do assassinato de George Floyd. Woodward conduziu 17 entrevistas com o presidente (gravadas), e embasou todas suas declarações, dando ampla oportunidade para Trump declarar seu ponto de vista (e reportando exatamente o que foi dito). Excelente trabalho jornalístico.
The Story of the Human Body (A história do corpo humano)
Autor: Daniel Lieberman

Eu li esse livro em 2019, enquanto num retiro numa cabana no meio da Taiga finlandesa, logo acima do Círculo Polar Ártico. Voltei uma pessoa mudada. O livro me explicou o motivo de meu corpo estar sofrendo tanto: um desalinhamento entre o ambiente onde ele evoluiu e o ambiente que construímos para nós hoje. Uma mudança de perspectiva que permitiu eu fazer diversas mudanças na minha vida que resultaram numa revolução.
Em vez de lutar contra a biologia e contra a tecnologia, eu uni o melhor dos mundos. O livro não ensina a fazer isso. Ele apenas explica o problema, sua origem, e motivos. Mas entender o motivo é melhor do que qualquer receita a ser seguida. É o que nos permite criar uma solução que sirva para nós, sempre, em vez de ficar tentando copiar outros no procedimento apenas.
Daniel Lieberman é paleontólogo, professor de Harvard e entende do que está falando. Eu posso ser suspeito por ter gostado – fiz Biologia no IB-USP – mas acredito que o estilo é para leigos e funciona muito bem.
Às vezes um problema só é um problema porque estamos olhando pelo ângulo errado.
Born to Run (Nascido para correr)
Autor: Chris MacDougall

Ah, o bestseller internacional que iniciou todo um movimento pé-no-chão, digo, pé-descalço. Olha, eu acho que o livro é bem intencionado, mas no afã de contar uma boa história, o Chris apaga um monte de nuance, e joga conclusões que merecem
ser examinadas com mais cuidado. Não é como se a Nike fosse responsável pela epidemia de pessoas com pés fracos e sujeitos a lesões: o modo de vida ocidental, sim, do qual a Nike faz parte, mas é bem mais extenso que isso, tem mais a ver com criar corpos fracos. E não é só pular e sair correndo descalço para desfazer o estrago – tem todo um trabalho de transição, e que vai muito além da corrida (veja o que falei na seção anterior e no meu post de corrida sobre exercícios de apoio e alinhamento). E usado com consciência e trabalho cuidados, tem vantagem, sim, em usar tênis de corrida com amortecimento.
Por que então eu recomendo o livro? Porque a história é MUITO BOA! O autor sacrifica tudo em nome dela, o que pode ser problemático, mas o resultado é uma excelente história sobre corrida e a relação humana com ela. Pode ser um fato antropológico real ou não, mas não importa: o sentimento que nascemos para correr é verdadeiro, existe e isso vem de um cara que ODIAVA correr (eu). Se você nunca entendeu a graça da corrida, pode ser que esse livro te de um isight. E se você é apaixonado pela corrida… vocÊ vai se identificar. Nos dois casos, você vai se divertir.
(Aparte: Eu só odiava correr porque eu não sabia como. Quando você não sabe o que está fazendo, até sexo é ruim).
Quiet (O Poder dos Quietos)
Autora: Susan Cain

E por falar em se identificar com livros… o Quiet da Susan Cain me fez me sentir compreendido e muita coisa na minha vida fazer muito mais sentido. Eu sou um introvertido (introvert). Um introvertido gosta de interações sociais, mas elas custam energia emocional. Extrovertidos, por outro lado, recarregam energias emocionais com interações sociais. Isso explica porque eu preciso de momentos de solidão e descompressão (na outra newsletter eu falei sobre meu retiro de uma semana no norte da Finlândia), enquanto que outros precisam estar em grupo, interagindo o tempo todo.
Esse é apenas um dos mais básicos insights que tive ao ler o livro. Mas eu tive outros – eu passei não só a me entender melhor, mas a entender outras pessoas, extrovertidas, melhor. Isso me ajudou muito – inclusive a entender minha filha mais velha, que é uma extrovertida.
O livro também dá insights sobre como resolver conflitos sobre os dois perfies, e faz a importante ressalva: ninguém é 100% introvertido nem 100% extrovertido. É um continuo, uma escala com infinitos pontos e combinações. Mesmo dentro de peris gerais, ainda somos únicos.
Muito interessante.
How to do Nothing – resisting the attention economy (ainda sem título em português)
Autora: Jenny Odell

Um dos livros responsáveis por eu estar iniciando esse novo formato de trabalho, focado em uma interação mais humana. entre quem cria e quem consome conteúdo. Bom, eu já estava extremamente incomodado com o ataque à nossa atenção feito pelos donos dos algoritmos, eu já estava incomodado com o fato de eu estar perdendo essa guerra sem saber como nem porquê, e eu já queria uma alternativa.
Daí veio o livro da Jane e pôs em palavras o problema do começo. Isso se juntou à minha prática de meditação (se você leu o post que falei lá em cima vai entender a ligação), e… BOOM!
(…mente explodindo…)
O livro faz uma cuidadosa jornada pela história da economia da atenção, como se desenvolveu, como ela age e os efeitos na nossa vida, explorando nossos instintos (que são uteis), passa para uma defesa da nossa humanidade e acaba virando um verdadeiro manifesto. É… impressionante. Uma hora eu desisti de grifar o livro… estava grifando capítulos inteiros.
Depois de processar o livro, resolvi fazer algo a respeito. E você está sendo parte disso.
What I talk about when I talk about Running (Do que eu falo quando falo de corrida)
Autor: Haruki Murakami

Você já ouvi alguém falar que corrida é meditação em movimento? Sendo alguém que medita e corre, eu acho totalmente verdade.
Nessas memórias do Murakami, o ofício da escrita e a prática da corrida se
misturam numa meditação sobre construção de uma vida. Escrever, correr, pensar – treino, treino, treino. Vida, como condicionamento, é construída ao longo do caminho, um passo por vez.
Se você escreve, lê, pensa, vive – qualquer um pode se identificar nesse relato altamente pessoal, mas totalmente universal.
The Better Angels of Our Nature, (Os anjos bons da nossa natureza)
Autor: Steven Pinker

Esse é um livro complicado de ler… primeiro porque é gigantesco, e cheio de dados e informações. Segundo porque muitos desses dados e informações são sobre violência e pode ser bem desagradável olhar para nosso lado tenebroso como espécie. Yeah.
Mas vale. Vale o sacrifício, e a leitura cuidadosa. Um dos livros importantes que li (e demorei para terminar). É um bom jeito de entender as raízes do nosso lado violento, entender que não é o único lado da nossa espécie, que é possível dominar e melhorar, e como fazer isso. E mostra que, na visão de longo prazo, estamos fazendo. Yeah, sim, MESMO com as terríveis notícias e desenvolvimentos dos últimos anos (boa, 2020).
E isso foi um dos grandes benefícios que tirei do livro também: aprender a ter uma visão de longo prazo, de ver que não, a história não se repete em ciclos iguais e há mudança real – mas que ela não vem de graça nem muito menos é inevitavelmente boa. Ah não. Precisamos lutar por essa mudança, colocando o nosso tijolinho num muro enorme, que não começamos e não veremos terminar, mas que está sendo construído ao longo da história mesmo assim, mesmo com gente o tempo todo derrubando tijolos em vez de colocar.
Ou seja: o seu tijolinho, por pequeno que seja, por mais perdido no tempo que seja, conta. Faz diferença, mesmo que não iremos viver para testemunhar essa diferença. E o livro demonstra isso, com dados, fatos, gráficos e uma visão de longo prazo.
E isso valeu o livro para mim. Eu não acho que muita gente vai seguir essa recomendação até o fim, mas eu mantenho. É um dos meus tijolinhos, te inspirar a colocar o seu.
Hitler: Downfall: 1939-1945 (ainda sem título em português)
Autor: Volker Ullrich
E por falar em natureza tenebrosa… Argh. Outro livro difícil de ler… a biografia de um monstro. Eu li o Volume 1 (chamado “
Hitler: Ascent, 1889-1939) em 2016, com o populismo autoritário em ascenção, porque eu queria entender exatamente como Hitler tinha tomado o poder na Alemanha. Não superficialmente, mas o mecanismo mesmo, as técnicas usadas.
Foi bem difícil de ler, mas muito útil: o livro é sério, escrito pelo historiador alemão Volker Ullrich, completo e extenso. Entendi os mecanismos e a história (e reconheci o manual que ele seguiu e tristemente tanta gente acha tão útil hoje em dia…)
Agora em 2020 comecei a ler o volume 2, porque, da mesma maneira detalhada, eu quero saber como ele PERDEU o poder. Antecipo (estou ainda nos primeiros 2/3) mais uma leitura difícil – as atrocidades nazistas só escalam nesse período – mas a vida não é só feita de leituras fáceis. E é preciso entender e aprender.
E agora que quero ver esse maníaco perder.
Endure (ainda sem título em português)
Autor: Alex Hutchinson

Esse livro explora os fatores que influenciam nossa capacidade de resistir, fisica e mentalmente, a esforços duradouros. Ele vai acompanhando o projeto Breakin 2, da Nike, quando Eliud Kipchoge ficou a 25 segundos de quebrar a barreira de duas horas para a distância da maratona (42195m), intercalando com histórias de outros feitos que expandiram os limites da resistência humana.
E no processo ele vai listando estudos e experiências que demonstram os fatores fisiológicos e psicológicos-emocionais envolvidos. Eu achei muito interessante, e ainda muito válido, mesmo Kipchoge tento quebrado a barreira de 2 horas depois, no projeto INEOS 1;59.
Eu ouvi a versão Audible mas acabei comprando a versão Kindle também, para ter de referência e consultar.
How Bad Do You Want It? (ainda sem título em português)
Autor: Matt Fitzgerald
![How Bad Do You Want It?: Mastering the Psychology of Mind Over Muscle (English Edition) por [Matt Fitzgerald]](https://m.media-amazon.com/images/I/51yCzLvlpiL.jpg)
Esse livro tem o mesmo tema do Endure, mas é bem menos técnico, e comunica os fatores da resistência através mais de histórias ilustrativas de performance esportiva, do que estudos e fisiologia. As descrições são bem vívidas, e fazem você estar lá no meio do furacão. Para impressionar e inspirar.
De toda forma, esses dois livros servem para mostrar que nossos limites são bem mais elásticos do que pensamos, e o cérebro é bem conservador – mas pode ser treinado a tolerar mais, melhor e por mais tempo. Uma habilidade que, como demonstrou o ano de 2020, é muito útil bem além de puro esporte.
Aliás, 2020 foi bem difícil para mim também (como para a maioria das pessoas), começando com o meu negócio parando subitamente (renda caiu a zero – estamos queimando reservas até agora), seguiu com a Carla ficando doente por dois meses e daí a descoberta de que a doença genética que tenho nos olhos e luto contra há mais de 20 anos, piorou e vou ter que enfrentar ainda mais cirurgias (com perspectivas apenas medianas). Mesmo assim, 2020 não está nem nos top 3 anos mais difíceis da minha vida. E foi justamente por eu ter tido anos piores que eu me convenci a me preparar melhor – física, mental e financeiramente.
Como eu digo sempre… vida é esporte de resistência. É preciso treinar para ela.
E por isso recomendei esses livros – eu sei por experiência própria que somos mais resistentes do que pensamos. Os livros explicam e ilustram isso. Nós humanos não somos super fortes, nem super rápidos e, como qualquer passeio por mídias sociais mostra, nem sequer super inteligentes. Mas nós somos muito… muito resistentes.
Não sei você, mas isso me conforta.